TituloASCONRio.gif
 
 
 
 
RJ tem a maior taxa de letalidade da Covid-19 no país, diz estudo

Segundo os dados do Observatório Fluminense da Covid-19, a baixa testagem da população e um grande índice de subnotificação podem ter contribuído para a disparidade da relação entre números de mortes e casos confirmados no estado. Por Helter Duarte, RJ2 30/06/2020 20h12 Atualizado há 15 horas



Especialistas falam sobre o que esperar da pandemia no Rio

Com mais de 10 mil mortos por Covid-19 e 112.611 casos confirmados, o Rio de Janeiro tem a maior taxa de letalidade do Brasil, com 9%. Os dados foram divulgados nesta terça-feira (30) pelo Observatório Fluminense da Covid-19.

Segundo os pesquisadores da Uerj e UFRJ, o alto índice da relação número de mortes e casos confirmados no estado pode ser explicado pela baixa quantidade de testes realizados e uma grande subnotificação de casos.

De acordo com o relatório, caso o Rio de Janeiro fosse um país, o estado já teria ultrapassado a Alemanha, a Itália e a França em números de contaminados por um milhão de habitantes.

Na análise sobre o número de óbitos provocados pela doença, o RJ estaria na frente da Alemanha, dos Estados Unidos, da Suécia e da França.

 

Saara, no Centro do Rio, teve lojas abertas e movimentação de clientes nesta terça (16) — Foto: Marcos Serra Lima/G1

Momento atual

Diante das medidas de flexibilização adotadas pelo estado e pela capital fluminense, especialistas não sabem exatamente o que pode acontecer nas próximas semanas.

A principal dúvida nos principais centros de pesquisa do Rio é para saber em que ponto da pandemia o Rio de Janeiro se encontra.

"O momento agora é do piloto querendo aterrissar com o avião, mas sem visibilidade nenhuma e operando por instrumento. Então tem que ser uma descida muito cuidadosa, monitorando sempre de perto o que está acontecendo, adequando as medidas aos novos números, às novas informações que vão chegando aos poucos", comentou o pesquisador Marcelo Medeiros.

O estudo apresentado nessa terça ressalta que o número de casos vinha caindo por três semanas seguidas no estado. Mas essa tendência de queda foi revertida na última semana analisada, entre os dias 21 e 27 de junho.

Apesar desse crescimento no número de contaminados, houve uma redução nas internações, tanto em enfermarias quanto em UTIs. O momento mais crítico foi registrado na última semana de maio. Depois veio oscilando, com viés de queda.

Para o pesquisador Marcelo Medeiros, as respostas para esse fenômeno são apenas hipóteses. O momento é de incerteza.

"A gente tá nesse momento de incerteza. Temos que olhar tudo isso com muito cuidado, com muita cautela", alertou Medeiros.

Os pesquisadores da Fiocruz acreditam que o relaxamento das medidas de isolamento social pode ter provocado essa nova subida no número de casos.

"Após a semana com maior número de casos novos, que foi em maio, observamos uma semana em junho, de 14 a 20 de junho, com um novo pico de aumento de casos, 1.718 casos novos. Então isso pode ser efeito das medidas de flexibilização das medidas de isolamento", explicou o pesquisador da Fiocruz, Raphael Saldanha.

Na opinião do especialista, o estado pode estar atravessando nesse momento o chamado 'platô', quando os números mostram uma certa estabilização. Contudo, Saldanha deixa claro que o pior ainda não passou.

"A quantidade de casos novos na cidade do Rio mostra que estamos passando pelo pior momento. Tivemos picos de casos há algumas semanas atrás, um novo pico novamente e ainda não há sinais claros de que não teremos um novo pico nas próximas semanas", argumentou.

Para o infectologista Roberto Medronho, da UFRJ, a notificação tem que ser instantânea, no momento em que o paciente chega à unidade de saúde.

"Eu costumo dizer que nós estamos nos guiando como na época das grandes navegações. Ainda sem a bússola, pela posição das estrelas, só que o tempo está nublado e nós temos que navegar. Como fazer? Ou seja, precisamos mudar radicalmente essa forma de notificar as doenças no nosso país."

Testagem em massa

Nesse momento de incerteza, os pesquisadores não deixam dúvidas sobre a importância da realização de testes da covid-19 em grande parte da população.

"A cada dia eu acho que é essencial monitorar o que ta acontecendo na linha de frente. E monitorar essas atualizações dos cartórios. A gente ta falando aí de uma fotografia de quase 20 dias atras. Então tem que monitorar cartório e hospital", comentou Saldanha.

"Para as próximas semanas, como as medidas de isolamento foram flexibilizadas, podemos esperar ainda uma forte oscilação na quantidade de casos novos na cidade do Rio", disse Medeiros.

O que diz a secretaria

A Secretaria Municipal de Saúde do Rio informou que a taxa de ocupação atual na rede SUS na capital é de 40% nos leitos de enfermaria e de 70% nos leitos de UTI.

 



0 comentário(s) | Comente

 
 
 

Av. Pedro Calmon, 900 - Cidade Universitária
Ilha do Fundão - Rio de Janeiro -RJ | CEP:  21.941-908
(21) 2590-3297 ou 3865-7352
e-mail: asconrio@gmail.com